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Portugueses com níveis de literacia em saúde problemáticos ou inadequados

 

O Questionário Europeu de Literacia em Saúde em Portugal constitui-se como o primeiro estudo deste género aplicado à população portuguesa, no âmbito do projeto “Saúde que Conta”, da Escola Nacional de Saúde Pública e que teve como base o Questionário Europeu de Literacia em Saúde. Este questionário mede a capacidade da população aceder, compreender, analisar e utilizar a informação de saúde para tomar decisões informadas que lhes permitam manter uma boa condição de saúde, prevenir doenças e procurar tratamento adequado em caso de doença. O estudo abrangeu três domínios da saúde: os cuidados de saúde, a promoção da saúde e a prevenção da doença.

Os resultados preliminares deste estudo revelaram que a maioria dos portugueses inquiridos tem um nível de literacia em saúde problemático ou inadequado. Os dados também revelaram que à medida que a idade aumenta, o nível de literacia em saúde diminui. No que diz respeito ao nível de escolaridade, verificou-se o inverso, ou seja, quanto maior o nível de escolaridade, os níveis de literacia em saúde tendem a ser superiores. Pode consultar aqui a Apresentação dos resultados preliminares do Questionário Europeu de Literacia em Saúde aplicado em Portugal (HLS-EU-PT).

O termo ‘literacia’ designa a capacidade de perceber e interpretar o que é lido. A literacia em saúde, segundo a Organização Mundial da Saúde, designa o conjunto de competências cognitivas e sociais e a capacidade dos indivíduos para ganharem acesso a compreenderem e a usarem informação de formas que promovam e mantenham boa saúde. Traduz-se na capacidade para tomar decisões em saúde fundamentadas, possibilitando o aumento do controlo das pessoas sobre a sua saúde, a sua capacidade para procurar informação e para assumir responsabilidades.

Joe Nye afirmou que vivemos numa era com uma plenitude de informação, mas escassez de entendimento. É importante que exista informação disponível, mas igualmente importante que a mesma seja de qualidade. Por esta razão, e sendo a saúde uma área tão importante e complexa, torna-se premente a questão da informação disponível ser fiável, de qualidade e de fácil compreensão.

As implicações de um nível inadequado de literacia em saúde traduzem-se na utilização menos eficiente dos serviços de saúde, numa maior taxa de hospitalizações, maior utilização das urgências hospitalares, menor utilização dos cuidados preventivos, numa autogestão deficiente em caso de doença crónica e numa maior taxa de morbilidade em determinadas doenças, como a diabetes, a hipertensão, entre outras.

Facilmente se compreende que um nível inadequado de literacia em saúde tem implicações significativas nos resultados em saúde, na utilização dos serviços de saúde e nos gastos em saúde.

 

 

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