Pelo Rim

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Dúvidas e incertezas na espera pelo transplante

 

A doença renal crónica está carregada de fortes emoções e sentimentos, acarretando grandes mudanças de vida e adaptações. No que respeita à transplantação renal, existem diferentes visões e expectativas sobre a mesma. Se para uns é algo que desejam muito, para outros é algo assustador que preferem não arriscar.

Obviamente que as premissas são variáveis: é preciso considerar a questão da idade, os problemas de saúde associados, a recusa pelo desconhecido, entre outras. Para muitos é considerada a sua “tábua de salvação” e são estas pessoas que vivem o seu dia a dia com a expectativa e esperança de obter uma melhor qualidade de vida através da transplantação renal. Existe uma esperança enorme. Torce-se para que o telefone toque com a notícia de que finalmente há um rim disponível. Contam-se os dias e as horas à espera que chegue a sua vez. Agarram-se a esta realidade como fonte da sua motivação para viver, para dar continuidade aos seus planos de vida, para se manterem autónomos, positivos face ao tratamento e sem perder a força e não se entregarem à doença.

Mas este é apenas um dos lados da moeda. O outro é a lista de espera que têm de enfrentar, não saber quando é a sua vez, as consultas de pré-transplante renal ano após ano, os exames a realizar, as informações vagas, as poucas certezas que se misturam com os sentimentos de angústia e ansiedade, com a vontade de que tudo seja para ontem, que os dias passem rápido, mas ao mesmo tempo devagar. Um cocktail de sentimentos que se querem bons, mas que se misturam com os maus.

Importante é mesmo encontrar o equilíbrio. É fundamental conseguir aceitar a doença, encaixá-la na vida de uma forma natural, transformá-la numa missão de vida. Não é um desafio nada fácil, mas é uma forma de ajudar a tornar todo este caminho penoso mais saudável e dentro da maior normalidade possível.

Apesar do transplante não ter uma taxa de sucesso de 100%, na maior parte dos casos bem-sucedidos, a qualidade de vida torna-se consideravelmente superior, na medida em que se recupera a autonomia e se ganha tempo, sendo estes considerados os ganhos mais preciosos.

Os transplantados têm as suas obrigações e não há um desligar por completo da doença. Contudo, nada se compara ao tratamento de substituição da função renal (TSFR). Recuperam tempo para a família, para o trabalho, para si próprios, a sua autoestima aumenta e há uma motivação para viver completamente diferente.

 

O que é importante saber e fazer

  • não faltar às consultas de pré-transplante;
  • realizar atempadamente os exames pedidos;
  • manter uma alimentação saudável;
  • estar inscrito em duas unidades de transplantação renal;
  • informar sempre o médico de eventuais alterações do seu estado de saúde;
  • manter os contactos pessoais atualizados;
  • manter os telefones ligados e com som mesmo durante a noite;
  • saber mais sobre a transplantação renal com dador vivo.

 

 

Gabriela Paim - Assistente social

 

 

Imagem: "I've been sitting, waiting, wishing" - Day Seventeen de Nathan O'Nions sob licença CC BY-NC 2.0